segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A propósito de andar a pé na Bicicletada.



Santa Iria tem um terreno dobrado. A vila, o núcleo urbano que nos interessa ciclar, fica um pouco acima da praticamente nivelada EN10, a esgueirar-se serra acima, com ruas rasgadas clandestinamente contra a topografia.
A bicicletada mete-se por esses bairros adentro onde os declives são, por vezes, cruelmente acentuados, sem piedade quase nenhuma pela relação mais ou menos amistosa entre pedaleiras e velocidades.
Tem acontecido assim e não têm sido raras as vezes que alguém (quando não todos) sai da bicicleta e sobe apeado. Aos trepadores é-lhes permitido continuar, aos que se esforçam e também conseguem é-lhes permitida a conquista. Naturalmente todos esperam mais adiante. Pára-se, olha-se em volta, trocam-se mais umas opiniões, fia-se conversa, corrige-se alguma falha mecânica, bebe-se água, limpa-se o suor da testa... e tudo isto tem feito parte da festa que também é descobrir que «a subir não se pensa, a descer logo compensa».



Mas a tradição, aquilo que acontece regularmente, aquilo que se espera que aconteça porque sempre foi assim -- ainda que estejamos a falar de um universo de nove bicicletadas em Santa Iria -- não significa que esteja certo.

Na bicicletada deste mês surgiu esta "polémica".
Faz sentido andar a pé na bicicletada? É humilhante ter que apear? É ofensivo para quem vai a pé ver os outros à espera lá à frente? Faz sentido seguir, quase sem aviso, rua acima só porque depois se espera no alto, pelos que ficaram para trás com a bicicleta às costas?
E no dia em que aparecer alguém de patins, com monociclo ou de skate, por onde vamos passear?

Bem, nesse dia logo se vê!
Também sei que no dia em que aparecer uma bicicleta com roda 16" e rodinhas laterais de apoio ou mesmo uma criança com menos de 3 anos a pedalar um tricilco, temos toda a praceta e todo o jardim do Castelo para dar a volta à situação!

Na bicicletada deste mês, onde esta questão foi acendida, as divergências acabaram por seguir sobre cada par de rodas e, conforme o caminho se ia fazendo pedalando, acabámos por ir até ao Parque das Nações e voltar -- não sei ainda se em bom tom, à porfia ou em fuga para a frente, o que é certo é que fizemos todos juntos.

Os cartazes da Bicicletada apelam à participação de todos, com todo o tipo de bicicletas e, de facto, a única semelhança entre as máquinas é terem duas rodas e pedais de tracção humana. A verdade é que, no caso específico de Santa Iria, não é muito eficaz dar os exemplos dos países baixos. Nós não temos aquele terreno.
Queremos todo o tipo de velocípedes na bicicletada e queremos vê-los todos os dias nas nossas ruas... mas, infelizmente, não podemos mandar terraplanar Santa Iria uma vez por mês.
Às vezes, nesta terrinha, pode ser necessário ser o ciclista a carregar a bicicleta no lombo. Pessoalmente prefiro essa solução para integrar a bicicleta num modelo de mobilidade pessoal, do que carregá-la no tejadilho de um automóvel nas subidas ou simplesmente desistir dela, porque afinal -- raios e corriscos! -- não vai a todo o lado nem sobe escadas!



Posto isto, fica aqui o assunto para o debate comunitário. Comentem e digam de vossa justiça.

1 comentário:

  1. Estou contigo, partilho a opinião. Não e por haver umas poucas subidas em que tem de se carregar com a bicicleta que se vai desistir dela ou optar por caminhos menos íngremes. No caso de haver crianças compreende-se que isso possa ser um entrave e a opção tenha mesmo de ser um trajecto mais fácil, caso contrario não vejo problema nenhum em esperarmos uns pelos outros, ate porque nestes dias das bicicletadas e para festejar, tem-se todos os outros dias para andar depressa e muito.
    Força nas canetas, porque como diz mmmim "a subir não se pensa, a descer logo compensa" ;-)

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